Por que fragmentos (frames) do filme 'A Chinesa' de Godard em 'Cotidiano à Chinesa' do Projeto Diegese de Herbert Silva Leão com performance de Viviane Amaral?



"CULTURA É A REGRA, ARTE É EXCEÇÃO"

talvez a apatia nos deixe a mercê da realidade, o que seria a vida senão esse emaranhado caótico de coisas e experiências que nos fazem buscar uma ordem e uma abertura da consciência, uma expansão do conhecimento ao nosso favor. A luta é diária e quando o ar se torna pesado é um chamado para a vida, para o movimento, para a ação.  Renovar, renove a ação.

O Projeto Diegese se resume num compartilhamento de narrativas em áudio, vídeo ou audiovisual criadas em diferentes meios convergentes. Sejam elas de manifestações artísticas presenciais e ou digitais. As narrações são produzidas e recitadas pelo ator e diretor teatral Herbert Silva Leão e ou por artistas convidados.

O vídeo 'Cotidiano à Chinesa' é diferente dos outros repertórios do Projeto Diegese. Para além da citação de um texto de Fernando Pessoa, trilha sonora de Erick Satie, tentamos (silva leão e viviane amaral) fazer um experimento audiovisual.

A atriz Viviane Amaral é quem recita e interpreta uma jovem melancólica presa em seu apartamento a espera de dias melhores em meio lembranças do passado, fazendo analogias com o momento pandêmico. O passado é rememorado através de fotografias que aparecem no vídeo, fotografias tiradas em estúdio, da própria atriz  vestida com o mesmo figurino que encontra-se em cena (um vestido longo e bordado). Podemos perceber a passagem de tempo entre a atriz do vídeo em movimento para com suas fotografias apresentadas, pois a mesma aperece anos mais jovem nessas.

Em contraponto com a vida pacata da personagem sentada em sua sacada, penteando seus cabelos, aos moldes de Tatiana do romance Eugene Oneguim de Pushkin, porém sem sua ama de companhia para consolá-la um possível amor não correspondido ou impossível, imagens e uma canção da trilha sonora do filme 'A Chinesa' de Godard surgem para nos fazer refletir sobre um possível novo imperialismo cultural advindo do, apesar de parceiro, país comunista, onde a liberdade de expressão e de crença vem sendo colocada à prova e ao controle do Partido único, a China.. Mas, não só, a interpretação é aberta ao espectadores, uma vez que os frames do filme apresentado fazem uma alusão a jovens entediados, leitores de apartamento do livro vermelho de MAO, que foi julgado e condenado na China por seus atos da Revolução Cultural; Jovens que possuem o poder e a potência de mudança, pois possuem a sociedade em suas mãos, propícios a estimular mudanças, cabendo aos jovens espectadores em momento de reflexão, apatia, isolamento, refletir acerca das mudanças almejadas, ou almejar, ou seja um convite à reflexão. Assim como a personagem ao fim do vídeo decide se despir dos velhos trajes e seguir o movimento. Eis aqui nossa singela crítica. Nem mansa nem revolucionária, mas sim irrequieta e reflexiva, rumo à conscientização dos Direitos Humanos, inclusive ao artigo 18 da Declaração Universal da ONU.

Referência simbólicas no/do vídeo


"A ARTE CAUSA ESTRANHAMENTO, CONFUSÃO, ELA PROMOVE ESTRANHAMENTOS, DESLOCAMENTOS, ELA MOVE A CULTURA" A CULTURA É REGRA, A ARTE EXCEÇÃO.

Poética.

Ruínas. Desordem na ordem. Na ordem dos digitais tecnológicos. Cinema. Fotografia. Fragmentos. Aos poucos. Vamos vendo. E tendo noção da arte do vídeo. Montagem. CITAÇÕES "Rede de citações nem sempre explicitadas, recurso que abre para muitos caminhos interpretativos." Intertextualidade. Drama? Existe drama? Conflito? Ação? Teatro? O som, a trilha sonora, Erick Satie dá o tom. Lembremos Erick Satie, artista de  múltiplas linguagens, com uma vasta obra, e de essencial importância nas polêmicas que envolveram surrealistas e dadaistas durante o período das vanguardas históricas na França.

1 A Chinesa de Godard

O cineasta francês Jean-Luc Godard é um dos principais nomes da Nouvelle Vague. Movimento artístico voltado para linguagem cinematográfica, onde mais próximos da arte da montagem e edição russa, em oposição à americana, funda à francesa. Um movimento que se colocava contra a padronização e a hegemonia da indústria cultural. Fazendo assim uma crítica ao que é visto, como é visto e produzido em tvs e passado nos cinemas. Produzia sem roteiro concluído, improvisando no momento. Só entregava a fala na gravação, para ter a esponteneidade do artista. Anarquia artística. "Amam seus filmes, mas não entendem." É crítica? Precisamos entender uma obra?

Brasil. Cinema novo. Desdobramento do movimento francês.

Glauber Rocha: " Uma câmara na mão e uma ideia na cabeça."

Nouvelle vague

"Métodos fora das normas
Orçamento pequeno
Equipe reduzida
Atores desconhecidos
Cenários naturais
Ausência de autorização oficial de filmagem
E ausência de concordância dos autores das obras 'sampleadas' (ler manifesto sampler da PUC SP)
Subverção dos padrões arraigados na cultura atual contemporânea
Poética. Retrato do livre amor, dilema da juventudade, liberdade sexual e pacificação." ref. ArteCineClub youtube 

(continua...)






 

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