A monstruosidade sobre a Democracia em Vertigem

'Democracia em Vertigem' é um filme documentário dirigido por Petra Costa e produzido pela Netflix. Indicado ao Oscar 2020 na categoria 'melhor documentário' tem gerado debate e discussão no Brasil por retratar em primeiro plano a vida da cineasta, seu posicionamento político e o processo de impeachment da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff.
O Secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, diz que o filme deveria concorrer à categoria ficção (segundo reportagem da Folha de São Paulo), demonstrando assim sua divergência política para com a retratada em primeira pessoa, ou seja por ela mesma, na produção mencionada, e a necessidade de diálogo entre os lados e a integração de um país pluricultural  como o Brasil.

Por uma pedagogia da convivência, uma vez que ser nacionalista crítico não é odiar os diferentes, 'estranhos', os de fora, e assim amar seus compatriotas.

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É claro a construção narrativa poética de uma realidade social no documentário de memória afetiva de Petra Costa.
O estranhamento acontece por não se ter tanta afinidade com a produção e recepção dos formatos em constante evolução; essa uma poética recente e emergente, que reivindica num movimento anafórico, a existência de quem age, produz e compartilha, muitas vezes vítima, de sobra ou apagamento; óbvio não é o caso de Petra, mas da existência do subgênero; um misto entre memória viva plasmada, que nos deixa a mercê da experiência, por se tornar indicial para quem recepciona a intriga representada, óbviamente pelo filtro de realidade construída por uma subjetividade que transpassa família, educação, cultura, econômia, política e Estado. É o particular contando o geral, que não é universal, pois é nacional.
A indústria cultural sendo questionada por seus formatos rígidos.
'Democracia em Vertigem' fissura a narrativa 'clássica' e coloca como personagem central, dentro de um panorama insano social, sua criadora, que deixa-se contaminar pelo real social das bolhas plurais que se identificam como a múltipla identidade brasileira desde suas raízes. Formando assim sua posição, sua subjetivação, dando vazão a sua expressão e sua forma de compreender a realidade brasileira desde sua gênese, gênese de quem conta, dela, da cineasta, que nos compartilha sua 'história' e de tantos outros. Talvez um maneirismo que coloca em exposição tantas outras existências semelhantes.
"A democracia não é uma realidade, mas uma esperança."

Viva a arte! Arte e indústria! Poéticas! Uma estética dos modos de existências e do agir num complexo mundo interligado, conectado e globalizado.


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