Poeta Gullar On

Certa vez em Copacabana, Ceci Alves e eu, íamos almoçar num restaurante à beira da av: Atlântica, de frente para o mar. Estávamos já sentados, nos refrescando daquele verão fervoroso, quando de repente, quem vem lá, o poeta.
Para NÓS, vinha vindo o poeta, com seus passos lentos e cambaleantes, num gingado maresia; parecia ter muita coisa na cabeça, vinha como que imerso em pensamentos, sereno. Um ar calmo acompanhava-o, como se o tempo a tudo levasse. E leva.
Li a pouco, numa de suas entrevistas, que enquanto caminhava levando consigo seus problemas cotidianos e modos de resolvê-los, não era poeta, mas sim um outro. Ele era muitos. Inclusive o poeta, intelectual, que idealizamos e constatamos.
A mim, ele sempre foi fonte de admiração e conhecimento: sua trajetória, poesias, peças, ensaios ou suas crônicas. Guardo com carinho um CD com 30 poemas de sua autoria recitados pelo próprio, um livro de ensaios sobre Arte, Cultura, vanguarda e desenvolvimento.
Não abordamos Ferreira Gullar, nem para tirar uma selfie. Mas os sorrisos em nossos rostos, por nos defrontarmos com ele, compôs de forma muito harmônica aquele simbólico momento, até hoje impregnado em nossa memória.
Conta a história que, após ter na juventude feito parte do Partido Comunista Brasileiro e ter atuado no Grupo Opinião (teatro de resistência, dissidentes da ditadura, como dramaturgo), tornou-se conservador ou con-versa-dor. Até aqui nada de novo, até porque suas opiniões sempre foram expressas em seus textos, em sua coluna semanal na Folha de S.Paulo, por exemplo.
Sua poesia é universal, nada tirou sua sensibilidade de retratar tão bem o ser humano, suas invenções e necessidades, através do espanto. Do não dito, entre tantos ditos. Nada não, só o tempo... que ele soube qualificar, através da arte.
Há dois anos perdemos o poeta, aos seus 86 anos. Hoje ele vive no país, dentro das estruturas da memória social e cultural, que em meio a profunda crise e ruínas, ainda assim sustentamos, para que a vontade suprema possa se fazer concreta. E na esperança de que o novo sempre vem. #FerreiraGullar #Oimpostor #OqueaArteensina #VidaeArte #VivaGullar #Maranhão #SãoLuis #RiodeJaneiro #Copacabana #Brasil


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