Sobre profissionais propositivos na indústria e no mercado das artes do entretenimento (via LINKEDin)

“[..] Nesse mundo de estilo empresarial e racional, qualquer coisa que não possa mostrar proficiência instrumental é um tanto evasiva”. 
                                                                                                                Bauman

 Primeiro compartilhamento do ano. Estou me readaptando às novas exigências do mundo contemporâneo. É necessário ter consciência onde posso melhorar. 

Espelhando uma campanha que advém da administração pública, a otimização da burocracia, que preza por agilidade nos trâmites e negócios utilizando apenas equipamentos e tecnologias digitais e uso zero de papel, me fez repensar como eu reorganizaria minhas atividades diárias neste ano de 2023. 
Acredito que eu já estava numa transição, da agenda de papel para agenda eletrônica. Comecei o ano apenas com agenda e anotações eletrônicas, uma vez que em anos anteriores utilizei as duas formas concomitantes. Senti muita falta da agenda de papel e não será neste ano que irei definitivamente me organizar apenas com tecnologias digitais. 

Dentre alguns tópicos anotados em minha agenda para serem feitas reflexões em forma de textos aqui para vocês, identifico conceitos duais, a exemplo: coletividade e individualidade, objetivo e subjetivo, percurso e trajeto, arte comercial e arte engajada, dentre outros que compõem tendências que identifico nas discussões sociais visando compreender para onde o discurso social, que é diverso e plural, pode levar à construção de subjetividades e identidades brasileiras que estão sob suas influências. Se trata um tanto de teoria da comunicação, um tanto de compreensão acerca da teoria da bala hipodérmica e para além. E que seria de melhor proveito se essas questões fossem levantadas em âmbito de pesquisas acadêmicas. 

Eu tenho uma característica contemporânea em minha forma de raciocínio de que tenho pavor de teorias universitárias totalizantes e ou totalitárias, todos nós sabemos onde a hiperobjetivação social juntamente com teorias racistas e segregacionistas levaram a humanidade na segunda metade do século passado. 

Hoje no Brasil a abordagem da descolonização em veículos de imprensa fazem também o trabalho dessa conscientização, porém devemos sempre olhar para frente, para aquele futuro o qual acreditamos e queremos construir, uma vez que corre-se o risco, como alguns países europeus, de ficar preso ao passado, ao passadismo...o que é diferente nas artes quando se trata de lembranças e ou memórias para um objetivo poético...(esse assunto abordarei num outro compartilhamento...) 

Tendo consciência disso juntamente com outros profissionais das teorias sociais que compartilham essa visão de compreensão da história da humanidade, hoje, uma das características de contraponto é holística, onde fenômenos e acontecimentos ocorrem num todo integrado onde as esferas existenciais de todo o cosmos interajam entre si, é necessário gerar compromisso e sinergia entre nossas ações, compreendendo as boas contribuições culturais que as diferenças fazem para as identidades plurais e universais de todos nós seres humanos. Impossível não pensar que existe algo operando para além desta nossa realidade social. Não é mesmo? 

Dito isso, compartilho o que pode nos ser útil em reflexões de readaptação ao mercado de trabalho voltado para as artes do entretenimento e economia criativa ao que diz respeito aos profissionais interdisciplinares, aos criativos, showrunners, diretores artísticos, enfim, aos artistas, que independente da linguagem e do trabalho que executam na indústria do entretenimento ou no mercado criativo, também precisam colocar para jogo suas posições no mundo corporativo, compreendendo seus 'papéis' em seu campo e disseminando possíveis mudanças. 

Há anos, em diversos campos, são questionados os limites profissionais. Buscam-se melhorar o funcionamento da estruturação hierárquica. Experimentam-se novas formas de produção e execução de formatos e atividades, gestão de projetos mais centralizados nos conselhos ou até mesmo com prioridades mais ágeis e descentralizadas. E como ficam todas essas questões no campo artístico da indústria do entretenimento, como disseminar novas identidades e categorias de profissionais que vem surgindo com as novas regras e exigências do mundo contemporâneo? 

Primeiramente, eu gostaria de fazer uma pequena paragem acerca dos conceitos de percurso e trajeto. Uma vez que em minha investigação acerca desses, encontrei: o percurso é algo mais objetivo, nos remete à ação, ao movimento, em contraponto à inércia, neste âmbito é preciso agir! Já o que diz respeito ao trajeto, é algo mais subjetivo, de espaço, de um ponto a outro, a distância entre dois pontos, o que no meu entendimento, é o caminho coletivo, ou colaborativo, onde acontecem os encontros, onde estamos com os outros, mas não necessariamente os outros estão conosco, porque cada um segue o seu próprio percurso. É preciso estabelecer compromissos e sinergia. 

Adentro agora ao que mais me espanta acerca da atomização, da especialização, dos 'opostos' que não se tocam, mas que, uma vez compreendo suas diferenças, outros trajetos e percursos podem ser realizados. Sobre o que diz respeito às artes e a proposição artística. Segue um trecho de um artigo onde o autor não assina o texto localizado no Jornal Rascunho, que traz: "O fato é que a arte não serve para coisa alguma. 

Por um motivo simples. Não tem de servir. Ela será 'boa' ou 'ruim' a depender de critérios cognitivo-estéticos. Se, além disso, for 'moralmente edificante', será acidental. Se for proposital não será arte, será panfleto." Concordo com o autor a respeito da arte, porém minhas indagações dizem respeito ao profissional, dizem respeito ao artista, uma vez que é sobre esse que me proponho a pesquisar e tento compreender o papel deste na sociedade, ressignificando seus lugares comuns e ampliando suas possibilidades e expectativas...eu compreendo que com as mudanças que o campo artístico vem passando, já existem uma nova leva de profissionais, de artistas, que não se confundem com os 'faz-tudo' (escreve, atua e dirige) mas sim um artista que propõe projetos, que tem a visão do todo, que compreende os trâmites e as hierarquias, que minimamente conhecem as regras do jogo e investe nesse jogo para mudá-lo ou conservá-lo. 

Eu denomino de artista-propositor, um artista que adquiriu o conhecimento técnico, poético e também organizacional, devido as mudanças que as sociedades ditas pós-modernas ou contemporâneas exigem de determinadas profissões. Lembrando que ser artista, existe uma ampla gama de possibilidades, de linguagens, de liberdades poéticas, mas que também já foi regulamentada pelo Estado de Direito como categoria e funções trabalhistas, o que, quando esse mesmo Estado torna-se despótico deve ser combatido, enquanto que o Estado democrático de direito e social, deve ter como responsabilidade amparar e garantir abertura, conquistas e dignidade de trabalho a quem investe formalmente na área. 

Contudo, a possibilidade de unir teoria e prática, pensar em nossa própria função, é uma das possibilidades contemporâneas que podem nos servir de instrumento para que pensemos a melhoria dos campos e frentes de trabalhos. O que pode reformular nossa compreensão de excessos de contingentes, de gerenciamento de talentos que possam estar à margem do mercado de trabalho. 

Faço lembrar que hoje não existe apenas um centro, mas vários centros, inclusive de potentes margens, que devem compartilhar conhecimentos, interações, sinergias e por consequência furar possíveis bolhas de acúmulos de capitais, sejam sociais, econômicos e ou simbólicos. 

É tempo de mudança e pensar em nossos papéis neste nova sociedade.
OBS: Esse artigo foi escrito para o LINKEDIN. Essa é uma ação onde pretendo passar todos meus artigos escritos no LINKEDIN para meu blog. 

#mundocontemporâneo #tecnologiasdigitais #objetivo #subjetivo #teoriadacomunicação #descolonização #holística #mercadodetrabalho #artesdoentretenimento #economiacriativa #criativos #showrunner #diretorartístico #artistas #indústriadoentretenimento #mercadocriativo #mundocorporativo #gestãodeprojetos #campoartístico #novasidentidades #categoriasprofissionais #artes #proposiçãoartística #artistapropositor

Comentários