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Impressões da primeira leitura que fiz do texto dramático

CRIANÇAS SELVAGENS

de

Leo de Sá

(em fase de escrita em andamento, terceiro tratamento)

Por

Herbert Silva Leão

 

Teatro da USP de São Carlos – TUSP

 

            Leo, gostaria de parabenizar a construção dramatúrgica de seu espantoso texto. Penso que ele aponta que sedemos a ser o que não somos talvez tentados pelo canto da sereia, e que sempre voltamos de onde saímos.

            É um texto que aborda questões e problemas profundos sociais, a meu ver, na minha leitura: assimilação cultural, interesses escusos, marginalidade, caráter humano, ruínas culturais, e através do espanto e do medo nutre um desejo de emancipação, de não-submissão.

            Sinto que é um texto frio, quente, morno, lúdico e que não é preciso que se chegue mais num lugar para instaurar algo, é a situação e o contexto social que faz com que conscientemente vão atrás. Tem muita gente procurando e por isso o mau caráter nem vai atrás. Ao contrário do seu texto.

            É preciso agir. É preciso compreender a diferença. É preciso sim criar oportunidades para um nivelamento das disparidades, sem que se tornem padronizações e sim mudanças processuais, iterativas e interativas.

            É preciso compreender sua bolha, furar sua bolha, adentrar outra bolha, criar outras bolhas, e trocar de bolhas. E isso não será a salvação. Será o começo da emancipação e o agir consciente, dos desejos e das vontades de se fazer o que se acha que é certo sem alienar, aliciar...outros...

            Acredito que você põe em interlocução 3 grandes chaves teóricas de compreensão do mundo material e interpretações de que seria a condição humana

·         A do bom selvagem (Rousseau) – o puro, inocente, estado natural (a sociedade, a civilização o corrompe)

·      O homem cordial (Sérgio Buarque de Holanda) – o virtuoso, hospitaleiro, generoso e de expansividade emocional, que na figura do Inspetor que traz ordem, organização, luz, segundas intenções e precarização.

·         E o Estado de Natureza (o homem é o lobo do homem) (Hobbes)



Abrir mão de sua liberdade para obter a paz no convívio social

 

É isso que reflete... que somos modernos....e vivemos num Estado Democrático de Direito

1.      Borrar fronteiras

2.      Romper divisas

3.      Ir além dos limites

2022 e a antropofagia brasileira ainda existe;


(imagem: la somme rurale Jean Boutillier/tree of consanguinity Loyset Liedet)

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